quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Com quantas mulheres se faz uma História...

A história da mulher na sociedade sempre foi marcada por lutas. Na Guerra dos Cem Anos, que envolveu a Europa feudal numa série de confrontos por terras, os homens lutavam por seus senhores e seus feudos e essa combinação estava rendendo boas vitórias à Inglaterra. Eis então que surge uma camponesa cercada de misticismo e reúne em torno de si o exército da França. Ela não tinha posses, não era nobre e o fato de ser mulher retirava de seu trabalho qualquer credibilidade. Mas essa moça fez com que aqueles homens lutassem por algo que ainda nem existia. Ela fez seus soldados acreditarem em um País e com esse ideal nacionalista, eles foram para o campo de batalha. Seu nome era Joana D'Arc e por se destacar em um mundo que não estava preparado para sua presença, foi queimada na fogueira da Inquisição. Assim como ela, curandeiras, mães, mulheres de todas as classes foram condenadas à morte pelo fogo santo simplesmente por estarem à frente de seu tempo.

Não é preciso ir muito longe no passado para descobrir outros nomes de peso. Na ciência temos Hildegard de Bingen, que com seus trabalhos sobre botânica e medicina conseguiu grandes feitos e reconhecimento; temos Marie Cure, considerada a "mãe" da Física Moderna e Florence Sabin, que com seu trabalho pioneiro sobre o sistema imunológico humano criou o conceito de vacina. Assim como Florence, Gertrude Bell Elion, também americana, criou medicações para suavizar sintomas de doenças como Aids, leucemia e herpes e boa parte desses remédios é usada até hoje. Entre tantos nomes, uma brasileira: Johanna Dobereiner, grande agrônoma que com seus estudos fez do Brasil um grande produtor de soja. Todas essas grandes mulheres só chegaram tão longe porque não ouviram os "nãos" que a sociedade da época impunha. Elas acreditaram em seus sonhos e foram enfim respeitadas por um trabalho de sucesso. Estes são apenas exemplos de uma parcela do público feminino que fez e ainda faz a diferença, mas muita coisa mudou desde que o primeiro soutien foi queimado numa marcha feminista. 

Hoje vemos no Brasil o advento das "mulheres-fruta" que exibem seus "atributos" em revistas voltadas ao público masculino. Elas são desejadas, cobiçadas como troféus e, na verdade, é o que são. Mesmo sem grandes pretensões, esse modelo de mulher é copiado por meninas que acabam se frustrando por não se enquadrarem nesse padrão de beleza. O resultado é catastrófico. Outro ponto que demonstra nossa decadência é que após anos de luta para conseguir o direito ao voto, as mulheres assistiram, pasmas, candidaturas como a da Mulher Pera, que disputou uma vaga no Legislativo de São Paulo. Durante a campanha ela publicou uma foto para "incentivar" o voto de seu público e como "proposta" ela prometeu mostrar um piercing íntimo caso fosse eleita... Felizmente o "plano de governo" não sensibilizou os eleitores e a musa teve apenas 2.126 votos. Mas há também o outro lado da moeda...

No oriente as mulheres tem se libertado da prisão religiosa e extremista que se arrasta por séculos. Vimos no ano passado a coragem de Malala, uma paquistanesa de apenas 14 anos que desafiou os talibãs para  estudar. Ela foi baleada na cabeça e sobreviveu, se tornando a prova viva de que a esperança pode vencer a força. Também assistimos ao triste fim de uma indiana, estuprada e morta covardemente num ônibus em Nova Deli. O fato foi o estopim que desencadeou manifestações em toda a Índia e a bandeira do protesto foi mais segurança e respeito para as mulheres. Tudo isso demonstra que o movimento feminista não foi derrotado pelo comodismo ou pelas imposições de uma sociedade machista. A semente da mudança foi plantada e hoje a dor do próximo, independente de seu gênero, comove e inflama multidões. O que se vê é um raio de esperança que insiste em brilhar no meio da escuridão. Muita coisa precisa ser mudada, mas muito também já foi feito no sentido de equilibrar as relações entre homens e mulheres. E mesmo que surjam novas barreiras, não importa! Com elas surgirão novas Pagus, Tarsilas, Anitas, Olgas e Joanas para mostrar ao mundo que lugar de mulher é onde ela quiser!


"Nem toda feiticeira é corcunda
 Nem toda brasileira é bunda
 Meu peito não é de silicone
 Sou mais macho que muito homem"

(Pagu - Rita Lee)