terça-feira, 18 de maio de 2010

Línguas ao léu...


Viver é um misto de autocontrole e jogo de cintura.
Na falta de um: persistência
Na falta dos dois: coragem
Abba! E essas adagas que insistem em saír de mim?
Injustiças celestiais que me perseguem...
Mas os anjos sabem do meu esforço...e de minhas quedas.
Será que sabem o que levo no peito?
Se sabem, escondem.
Se não, assim seja (para sempre)
"Amém"!

domingo, 9 de maio de 2010

Retrato de um Sistema


Este texto é baseado num posicionamento meu sobre o sistema panóptico de vigilância do filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham.

Eu Não tenho idéias. Todas as minhas idéias, que não são minhas, são frutos deturpados de uma visão que me impuseram sobre fatos que não sei compreender.

Eu desconheço fatos. Eu desconheço respostas. Conhecer respostas é perigoso e desnecessário. Por isso, não preciso de respostas. Até porque, as perguntas não são minhas! Por que as respostas deveriam ser? Responder é demasiadamente complicado e estafante, o que justifica a presença de um poder superior, dedicado exclusivamente à difícil tarefa de perguntar e responder. Assim, não é preciso ter muitas ambições. É preciso trabalho, gratidão pelo serviço dos que pensam.

Pensar pode levar pessoas a serem donas de si. Isto é perigoso! Não é saudável que pessoas comuns cáiam no abismo de sí mesmas. Elas poderiam não querer voltar. Por isso o trabalho existe: para manter pessoas comuns presas às suas respectivas realidades. A realidade sim é saudável. Sonhos são proibidos.

Quando se sonha, os horizontes se expandem e a realidade não pode existir no infinito. É preciso se manter no palpável, no correto, no trabalho, na redoma dos pensamentos. Pensar é realmente perigoso e por isso eu não penso. Deixo que outros pensem e sou feliz assim, sem ter a responsabilidade de ser. Ser é desnecessário. Bom mesmo é existir. E que outros sejam por mim e se desgastem no comando. Comandar é para os fortes. Eu não sou forte. Sou cópia, molde, parte sem nunca ser todo. Sou sem querer ser. Sou apenas mais um bicho social ao gosto de um sistema que não compreendo. Sou o que querem de mim. Não tenho ambição de ser eu.


PS.: A vigilância tem como função evitar que algo contrário ao poder aconteça e busca regulamentar a vida das pessoas para que estas exerçam suas atividades. Já a punição é o meio encontrado pelo poder para tentar corrigir as pessoas que infligem as regras ditadas e inibir outras pessoas que, por ventura, queiram cometer condutas semelhantes.

(Sobre "Vigiar e Punir, de Michel Foucault)


sábado, 1 de maio de 2010

Pieguices...


Todos os dias me sento diante dessa tela em branco.
Todos os dias, meus pensamentos me abandonam exatamente nessa hora.
Todos os dias, vejo as notícias que passam na TV.
Até me esqueço do que a TV pode fazer com minha mente...
Todos os dias, tento me situar para entender melhor o que me rodeia...
Mas tudo o que consigo é ficar cada vez mais absorvida pelos mesmos minúsculos problemas.
Lá fora, as pessoas têm medo da polícia...
Aqui dentro, eu tenho medo de mim
No Rio, as pessoas temem a chuva
Meu receio é só essa mina d'água que levo nos olhos
É uma letargia que me impede de pensar com clareza
Uma cortina de fumaça que divide o horizonte
Faz tempo desde a última vez em que fiz um projeto
Talvez seja falta de vontade ou coisa parecida
A verdade é que cada vez me importo menos...
E não se importar é o veneno da Humanidade
Começa quando a dor do vizinho não me comove...
E termina quando só consigo pensar em mim mesma.
Egoísmo? Não...necessidade!
O mundo é uma selva de corações petrificados...
E nem sempre temos disposição para lapidar todas as pedras.
Sinto muito pelos meninos vítimas do pedófilo de Luziânia...
Sinto muito pelos milhares de desabrigados do Rio...
Sinto muito pelos desabrigados de Santa Catarina, por hora esquecidos...
Sinto muito pelas vítimas inocêntes da crueldade da polícia...
Sinto muito pelas crianças do mundo
Sinto muito pelo mundo...
Mas hoje, acima de tudo, sinto falta do meu pai...
E essa dor egoísta supera minha força para sentir outras dores...
Sei que fora dos meus portões há tragédias maiores...
Mas hoje, me recolho à insignificância de minhas lágrimas por esse alguém que tanto amo...e foi embora.
Sinto muito por mim...
Mas isso passa...
Amanhã não sentirei mais.