Não quero mais ver jornais, sempre os mesmos jornais sensacionalistas que exploram as mazelas humanas. Não quero colaborar com esse frenesi de notícias pedantes, cheias de mortes e desespero. Se cada correspondente levantasse mais pedras em vez de câmeras e microfones, certamente teríamos melhores resultados. Mas não, isso não dá ibope! Que necessidade há em filmar corpos se decompondo ao ar livre, pessoas dormindo sobre jornais velhos e crianças órfãs, famintas e sem rumo? Certo, a princípio é preciso chocar para atraír a atenção de quem pode ajudar...mas e quando a ajuda está de pronto? Que necessidade há em persistir com a mesma exposição exagerada da desgraça alheia?
O mundo olha para as vítimas do Haiti. O mundo chorou pelas vítimas de Angra! E o Brasil chorou quando uma certa ponte caíu arrastando consigo cerca de vinte pessoas no Rio Grande do Sul. São tragédias, fatalidades que a mídia explora como verdadeiras minas de ouro! Qual a função da notícia? Informar, comover, vender... Penso que esta última engloba as anteriores quando se trata de importância. É preciso informar, função básica. O "comover" entra em cena quando interesses humanitários estão em jogo. Mas nada tem peso se não puder ser vendido. O mundo mantém seus olhos na miséria desastrosa haitiana. Será que o mundo sabe como a Minustah está agindo? O mundo sabe como está sendo feita a distribuição de mantimentos? Ou será que imagina como age a minúscula polícia do Haiti? Acredito que não. Será que o mundo sabe o que será feito em seguida?
Com que estratégia pode-se recontruír um país que nunca foi estruturado, dono de bases frágeis e uma população castigada pela História e pela natureza? Cada repórter "informando o mundo" leva consigo sua barraca e seus mantimentos. Eles gozam de proteção, posto que a população em desespero poderia atacá-los. Também gozam de proteção os poucos armazéns que guardam produtos de primeira necessidade. Mais uma vez, o particular prevalece sobre o público. O certo seria o contrário. Mas o certo muitas vezes é irrelevante. Tão irrelevante quanto os pobres soterrados sob seus barracos, já que a Minustah se ocupa primeiro dos estrangeiros desaparecidos na região. É uma vergonha! A imprensa mundial mostra muitas coisas tristes que nos fazem repensar valores. Também mostra as inúmeras doações que chegam do mundo inteiro. Ela só não mostra o que está sendo feito com esses donativos...assim como nunca mostrou o que foi feito com todos os recursos recebidos do mundo após cada tragédia anterior. Afinal, o terremoto do dia 12 de janeiro não é a primeira fatalidade que atinge o Haiti...e certamente não será a última.
O mundo observa atento, mas não sabe que a população está removendo escombros com as mãos e se ajudando como pode, como sempre fez. O mundo não sabe que no centro de Porto Principe há mais ongs como a Cruz Vermelha do que a "suntuosa" ajuda internacional liderada pelos "capacetes azuis". Foi preciso que um grupo de brasileiros criasse um blog para informar o que a imprensa não vende. Pesquisadores da Unicamp, pessoas comuns entre os comuns. Pessoas que andam pela cidade, entre repórteres e soldados, vendo de perto como verdadeiramente está a população do Haiti. E a propósito, vai como sempre, sofrendo e se virando, reconstruíndo com as mãos o que a natureza pôs abaixo. Eles se refazem, com ou sem ajuda. Obviamente há cenas que precisam ser mostradas devido à sua gravidade. Mas também é preciso mostrar a força desse Haiti que resiste, contrário a tudo que se espera. A ajuda chega, mas ainda é mísera diante da dimensão dos fatos. Esse, no entanto, não é o maior problema. A questão é a quem essa ajuda serve primeiro e quais são as prioridades.
Enquanto as "forças internacionais" decidem sobre isso, os corpos continuam apodrecendo nas ruas. Mas apesar deles, o haitiano segue juntando os cacos, porque é assim que acontece...e acaba. Seja por fatalidade, pobreza ou "macumba", o pior ocorreu. Mas quem está lá sabe bem onde as lentes mantém seus focos. Tanto faz se a fé não vende tanto quanto deveria, pouco importa se as pessoas se aglomeram tentando reestabelecer a ordem. Pouco importa que elas façam isso praticamente sozinhas. Enquanto isso, o mundo manda mais comida, dinheiro e remédios. Resta saber para qual Haiti essa preciosa ajuda anda indo.
O mundo olha para as vítimas do Haiti. O mundo chorou pelas vítimas de Angra! E o Brasil chorou quando uma certa ponte caíu arrastando consigo cerca de vinte pessoas no Rio Grande do Sul. São tragédias, fatalidades que a mídia explora como verdadeiras minas de ouro! Qual a função da notícia? Informar, comover, vender... Penso que esta última engloba as anteriores quando se trata de importância. É preciso informar, função básica. O "comover" entra em cena quando interesses humanitários estão em jogo. Mas nada tem peso se não puder ser vendido. O mundo mantém seus olhos na miséria desastrosa haitiana. Será que o mundo sabe como a Minustah está agindo? O mundo sabe como está sendo feita a distribuição de mantimentos? Ou será que imagina como age a minúscula polícia do Haiti? Acredito que não. Será que o mundo sabe o que será feito em seguida?
Com que estratégia pode-se recontruír um país que nunca foi estruturado, dono de bases frágeis e uma população castigada pela História e pela natureza? Cada repórter "informando o mundo" leva consigo sua barraca e seus mantimentos. Eles gozam de proteção, posto que a população em desespero poderia atacá-los. Também gozam de proteção os poucos armazéns que guardam produtos de primeira necessidade. Mais uma vez, o particular prevalece sobre o público. O certo seria o contrário. Mas o certo muitas vezes é irrelevante. Tão irrelevante quanto os pobres soterrados sob seus barracos, já que a Minustah se ocupa primeiro dos estrangeiros desaparecidos na região. É uma vergonha! A imprensa mundial mostra muitas coisas tristes que nos fazem repensar valores. Também mostra as inúmeras doações que chegam do mundo inteiro. Ela só não mostra o que está sendo feito com esses donativos...assim como nunca mostrou o que foi feito com todos os recursos recebidos do mundo após cada tragédia anterior. Afinal, o terremoto do dia 12 de janeiro não é a primeira fatalidade que atinge o Haiti...e certamente não será a última.
O mundo observa atento, mas não sabe que a população está removendo escombros com as mãos e se ajudando como pode, como sempre fez. O mundo não sabe que no centro de Porto Principe há mais ongs como a Cruz Vermelha do que a "suntuosa" ajuda internacional liderada pelos "capacetes azuis". Foi preciso que um grupo de brasileiros criasse um blog para informar o que a imprensa não vende. Pesquisadores da Unicamp, pessoas comuns entre os comuns. Pessoas que andam pela cidade, entre repórteres e soldados, vendo de perto como verdadeiramente está a população do Haiti. E a propósito, vai como sempre, sofrendo e se virando, reconstruíndo com as mãos o que a natureza pôs abaixo. Eles se refazem, com ou sem ajuda. Obviamente há cenas que precisam ser mostradas devido à sua gravidade. Mas também é preciso mostrar a força desse Haiti que resiste, contrário a tudo que se espera. A ajuda chega, mas ainda é mísera diante da dimensão dos fatos. Esse, no entanto, não é o maior problema. A questão é a quem essa ajuda serve primeiro e quais são as prioridades.
Enquanto as "forças internacionais" decidem sobre isso, os corpos continuam apodrecendo nas ruas. Mas apesar deles, o haitiano segue juntando os cacos, porque é assim que acontece...e acaba. Seja por fatalidade, pobreza ou "macumba", o pior ocorreu. Mas quem está lá sabe bem onde as lentes mantém seus focos. Tanto faz se a fé não vende tanto quanto deveria, pouco importa se as pessoas se aglomeram tentando reestabelecer a ordem. Pouco importa que elas façam isso praticamente sozinhas. Enquanto isso, o mundo manda mais comida, dinheiro e remédios. Resta saber para qual Haiti essa preciosa ajuda anda indo.
Fontes:
Um comentário:
Como sempre, genial! Essa ajuda que sempre vem, escondendo um assistencialismo barato e cruel, faz com que os haitianos que sofrem, sofrem e apenas sofrem, sejam ainda mais humilhados perante os olhos do mundo. Mais uma vez, como você bem descreveu no seu texto, os interesses financeiros sobressaíram-se ás reais necessidades de um povo já tão castigado... e o que nos resta a dizer? É uma pena que há quem venda tanta desgraça... espero que as cabeças pensantes da humanidade que gorvenarão o mundo nas próximas décadas possam entender que a vida humana vale muito mais que o dinheiro que cai em nosso bolso!
Parabéns Isa, beijos!
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