terça-feira, 20 de julho de 2010

Violência, Restart, Nibiru e outras lorotas...

O problema do mundo é que as pessoas se importam mais com as diferenças que com a essência. Somos todos um emaranhado de átomos, os mesmos existentes nas pedras, no ar e no universo. Tudo é matéria e energia. Tudo tem exatamente o mesmo fim e o mesmo começo. O fato de termos consciência de nossa suposta superioridade não nos dá o direito de usar descabidamente todos os recursos como se não houvesse amanhã. Talvez não haja mesmo, e nesse caso, a culpa é nossa.

Ontem, assistindo a um jornal, fiquei impressionada com as notícias do tempo. Cidades do Mato Grosso, cujas temperaturas sempre foram altas, deparam-se agora com uma temporada de frio intenso, nunca vista antes. O resultado dessa queda de temperatura desproporcional para a região foi catastrófico: centenas de cabeças de gado se perderam. O impacto dessa frente fria na economia já pode ser considerado, de fato,  previsível. Já no Sul do país, acostumado a baixas temperatura, moradores de rua estão morrendo de hipotermia. Um problema que não tinha sido enfrentado antes com tanta frequência. Mas todas essas notícias tristes não me surpreenderam tanto quanto saber que pinguins foram encontrados mortos no litoral de São Paulo. A justificativa dada pelos biólogos foi a falta de alimento. Os pinguins estavam anêmicos, ficaram fracos demais para terminar a jornada e foram trazidos pelas ondas até a praia. Agora eu pergunto: por quê não havia alimento para esses pinguins? Bem, o aquecimento constante dos mares e a poluição causam a morte de algas e planctons, que são a base das cadeias alimentares oceânicas. Sem esses minúsculos organismos, os outros animais marinhos vão gradativamente desaparecendo. Também vale ressaltar que os oceanos regulam a temperatura global. Se eles esquentam, o clima se torna instável, dando origem às mazelas que vemos diariamente.

O que mais me apavora dentre as coisas que ouço e  vejo é perceber que as pessoas desenvolveram o hábito de não se importar. Talvez por causa da banalização de catástrofes ambientais, tratadas com descaso até pela mídia, ou por causa de nossa impotência frente a tamanho desastre. Por um motivo ou outro, poucas coisas nos surpreendem atualmente. Da mesma forma, tratamos temas como a violência. Dentro de um mês, vimos a morte absurda de Eliza Samudio, a perseguição doentia que terminou no assassinato da advogada Mércia Nakashima e a execução acidental de uma criança, dentro da sala de aula, por uma bala perdida. Penso na sociedade e isso me dá medo. Com tanta abominação, não vejo exemplo que se preze a ser deixado para as crianças. É triste presenciar a falta de princípios e o crescente desuso dos valores basilares. Quase tão triste quanto ver a inércia da sociedade diante da própria decadência. 

Vejo crianças o tempo todo e fico impressionada com o modo como elas podem ser moldadas. Elas imitam para aprender. Seguindo por esse princípio do exemplo, penso sobre o que se passa na cabeça dessas crianças quando vêem na TV o reflexo do caos social que vivemos. Elas não tem grandes ídolos, grandes idéias, nem ambições. Não sabem o que é ter um ideal ou levantar uma bandeira. Aliás, não sabem o que é ter amor a uma bandeira, mas acham bonito balançar uma na Copa do Mundo. Qualquer outra demonstração de patriotismo é atitude vergonhosa e desnecessária. Elas não tem grandes sonhos, se contentam com pouco, ficam felizes com as verdades inventadas por uma mídia patética e ainda acham que são adultas porque falam de sexo, mesmo sendo novas demais para isso. Crianças não deveriam falar de sexo antes de terem pêlos. Acho até que não deveriam ver TV, mas isso é um conceito meu.

Penso que se algo tão precioso quanto o futuro da Humanidade está dentro de mãos tão pequenas, é dever de todos zelar para que essas mãos estejam preparadas para suportar esse peso. Mas não é o que vejo. O que vejo são crianças vestindo roupas coloridas, ouvindo bandas de som duvidoso e fazendo uso de um linguajar tão pobre que chego a acreditar que se trata de outro idioma. Português não é, tenho certeza! E isso é só o começo. Converse com um adolescente e perceba o seu grau de alienação. Tudo o que você vai ouvir é um monte de lorotas e alguns palavrões embasados numa revolta postiça. Digo postiça porque motivo para se rebelarem eles tem, mas não usam. Nossos jovens não levantam bandeiras, não se preocupam com grandes coisas e, como não tiveram bons exemplos, também não os oferecem aos que chegam. É um ciclo vicioso. Não se importar é mais cômodo que dar a cara à tapa. Mas nesse mundo de comodismos, a roda louca da vida não pára...e ela tem pressa.  

Você pode ser um fanático religioso, um adolescente rebelde que não entende nada de política, uma criança fã do Restart, usar drogas ou fazer uso de qualquer outra forma de alienação. Você pode jogar seu lixo na rua, ir á até a padaria de carro, comprar roupas feitas de pele ou fingir que não existe aquecimento global. Você pode também agir com frieza diante da dor alheia e considerar inadequadas as diversas formas de expressão do amor. Beba seus preconceitos para engolir sua vergonha diante do que não compreende. Seja uma pessoa de plástico. O que você não pode é achar que suas atitudes não terão resposta, porque ela sempre chega. Tudo que vai volta. Se quisermos continuar no comando desse lugar que chamamos de Terra, temos que demonstrar merecimento. Bem, eis aí a maior tarefa do homem. Fazer por merecer a dádiva que possui. Se pelo menos fossemos unidos poderiamos marchar juntos rumo à extinção, mas nem isso, meu Deus, nem isso! Meu coração cansado se prepara para a ira divina. Que Nibiru tenha pena de nós.

Amém!

2 comentários:

Anônimo disse...

Sua inteligência e racionalidade me fazem bem! te adoro muito! beijos!

Isa** disse...

Obrigada, mocinho! É sempre um prazer poder contar com suas visitas e seu apoio. =)

Adoro-te!!! \o