sexta-feira, 22 de novembro de 2013

No Reino Tupiniquim


Hoje eu quero desabafar sobre essa vontade desenfreada que nós temos de levar vantagem, mesmo que seja escondendo à sete chaves tudo que temos de mais podre. Parece que estou falando apenas sobre política, mas não, estou falando também sobre nós, brasileiros. Qualquer um de nós pode cometer erros, como fazer um julgamento equivocado, mas tem erros que não são cometidos, digamos, por engano. Ninguém se enriquece ilicitamente por engano, ninguém causa dano ao erário por engano, ninguém desvia verbas para financiar campanhas por engano. Pessoas até podem ser presas por engano, mas não depois de um processo que se arrasta há oito anos e onde foram usados todos os tipos de recursos aceitos pela nossa justiça. Pessoas podem sim ter um passado glorioso e ao mesmo tempo um presente que cause vergonha. Da mesma forma são os partidos, mas de que adianta uma história de lutas e presos políticos se o legado que fica é o de políticos presos? Muitos presos não tem conforto, acesso à saúde ou dignidade. Muitos presos são tratados como lixo e ao se sentirem descartados se voltam contra a sociedade. Talvez por isso a sociedade não acredite na eficácia do nosso sistema prisional e talvez seja realmente proveitoso ter políticos fazendo uso desse serviço. Quem sabe vendo a realidade, que vai muito além de tomar água de torneira, as pessoas que se elegem às custas das mazelas do povo trabalhem, enfim, para o povo? A esperança existe! 

Outro fato que está meio atravessado na garganta do povo é a demora no julgamento do mensalão mineiro ou do PMDB, como também é conhecido. Afinal, o "valerioduto" foi baseado no esquema construído em 1998 para a candidatura do tucano Eduardo Azeredo. Ironicamente, Fernando Henrique, Aécio Neves e demais tucanos de peso tripudiam dos corruptos condenados no mensalão petista e literalmente escondem Azeredo, que até então não foi visto nos eventos que preparam a candidatura de Aécio à presidência. Será que a Justiça brasileira também levanta bandeiras? Será que teremos um tucano na presidência? Será ele Aécio Neves? Pobres de nós com tantas perguntas e poucas respostas. Fato é que a apreciação do mensalão mineiro deve ficar para 2015, depois que as urnas derem o seu veredito. Conveniência? Não sei...

E como a insatisfação não para por aí, preciso falar sobre os brasileiros de Paracatu. Não faz muito tempo a cidade foi às urnas sob a proposta de uma mudança. Hoje o que vemos é uma correria desmedida para saquear os cofres públicos. É CPI para apurar irregularidades em comunicações, é perseguição política, é terceirização de hospital, é remédio controlado que falta, enfim, em menos de um ano de governo só posso dizer que a mudança foi mesmo "pra valer", mas não pra melhor. Me dói como eleitora, me dói como cidadã, me dói como brasileira. Dói ver que a honestidade pode ser facilmente deixada de lado quando o que está em jogo é o dinheiro. E não importa se esse dinheiro vem do suor do trabalho ou é usurpado do contribuinte, todos querem sua parte. O povo produz, o bolo cresce, poucos comem. É assim desde os primórdios da nossa história política. Será que o problema é o político, será que é a política ou será que é o povo? Acho que é um pouco de tudo.

Podemos culpar a forma de fazer política, já que os partidos não conseguem eleger diretrizes que beneficiem o povo e, em vez disso se dividem em situação e oposição brigando entre si a cada novo mandato. A culpa também é do político, que ao chegar ao poder trabalha denegrindo o trabalho de seu antecessor sem se preocupar em dar segmento ao que foi iniciado. Se não há acordo, obviamente não há progresso. E por fim, a culpa é do povo, que mesmo ciente de todos os problemas ainda se acomoda em sua descrença na verdadeira mudança.

O povo não foi às ruas defender os mensaleiros, mas alguns "companheiros" estão combatendo duramente o ministro Joaquim Barbosa pela internet. Seu erro, se é que se pode dizer, foi uma mera formalidade. E daí se as cartas de sentença não foram expedidas antes das prisões? Isso muda a verdade dos fatos? Isso torna os réus inocentes? Acho que não. E acho mais! Acho que companheiro de criminoso, criminoso é. Quem apoia essa quadrilha não tem dignidade para pedir o voto dos brasileiros em 2014. E isso vale para todos os mensaleiros, inclusive os tucanos. Vamos guardar desde já esses nomes para assegurar que eles não permaneçam no poder. Afinal, o problema do Brasil não está só entre o cidadão e a urna, mas também entre o pensamento e a voz. Quem se revolta calado concorda com o sistema e, cá entre nós, há algo de podre no Reino Tupiniquim que não merece a conivência da população. Quem viver (e lutar) verá.

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