quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Breve retrospectiva de 2013


2013 se despede dos brasileiros como sendo o ano de maior efervescência política, cultural e social da História. De janeiro a dezembro assistimos a indignação de pessoas que nunca se imaginaram lutando por direitos! Até o início desse ano, estávamos no limite entre a revolta pacífica e o conformismo, mas num instante, por razões diversas e independentes, as mesmas pessoas que criticavam a podridão do governo no conforto de suas casas descobriram que podiam sim ir às ruas. E elas foram... O resultado disso foi uma demonstração de civilismo que se estendeu a contragosto da mídia comprada e dos governantes corruptos. Tentaram desmerecer o movimento, tentaram incriminar inocentes, tentaram até mesmo sufocar os fatos com as novelas nossas de cada dia (e continuam tentando) mas o resultado é o mesmo: as pessoas ainda estão pensando, opinando e agindo.

Tentaram censurar a Internet e incriminar aqueles que expressam suas ideologias (contrárias ao sistema) sob o argumento de que estes "criminosos" virtuais estariam conspirando contra pessoas de bem. Eles buscam mecanismos para calar a voz dos que questionam e nem se esforçam mais para esconder essa ditadura escrachada. As lideranças estão caindo, alguns presos, outros misteriosamente mortos. O que dizer? Como agir? Ninguém sabe ao certo... Muitos irão desistir, mas outros tantos vão guardar dentro de si a centelha da mudança. A semente foi plantada e mesmo que alguns não possam ver o resultado desse trabalho, ele será feito. Fomos às ruas, incomodamos...e vamos continuar.

Também foi em 2013 que o mundo descobriu aquilo que já se imaginava: os Estados Unidos da América se tornaram o "Grande Irmão" das nações. Tudo, desde fatos irrelevantes do cotidiano até informações confidenciais de governos são cuidadosamente armazenadas e utilizadas por esse país "gafanhoto". Como soubemos disso? Graças à coragem de um jovem chamado Edward Snowden, ex agente da NSA (Agência Nacional de Segurança). Ele, que resolveu falar sobre um trabalho de espionagem que afeta pessoas em todo o mundo, agora é considerado persona non grata em seu próprio país e só conseguiu asilo político, vejam só, na Rússia. Afinal, nem todos conseguem ter voz diante de uma nação como os EUA e sim, é isso mesmo que você pensou: a Gerra Fria nunca acabou, os envolvidos apenas deram um tempo. Recentemente Snowden enviou uma carta aos Brasileiros pedindo asilo aqui, em nosso país. Há rumores de que um grupo ligado ao governo brasileiro está abrindo caminhos para a vinda do ex agente, mas nada é certo e pode ser que o destino dele, que já é considerado por muitos um herói, seja padecer nas garras da nação mais imperialista que o mundo conheceu...

Outro fato marcante de 2013 foram as bizarrices da política brasileira. Um tal deputado (e pastor) Marco Feliciano (PSC-SP), assumiu nada mais nada menos que a Comissão de Direitos Humanos. Obviamente o resultado disso foi uma perseguição maciça às minorias, entre elas, o público gay. Felizmente, o nobre e insano pastor abriu mão da presidência da Comissão, mas a bancada evangélica (ironicamente isso exite num país considerado laico em sua Constituição) já estuda a possibilidade de eleger outro presidente com a mesma ideologia de Feliciano para a Comissão em 2014. Claro que isso é uma medida eleitoreira, já que eles viram na visibilidade de Feliciano um chamariz de votos do público evangélico em 2014, mas vamos ver até onde a coisa vai...

Também foi em 2013 que assistimos a condenação dos nossos queridos mensaleiros. Sim, a Justiça existe, mas parece que, assim como a grande mídia, ela também levanta bandeiras. Digo isso porque o mensalão tucano está à beira do esquecimento e ainda não vimos muita coisa a respeito... Aliás, um tal de Aécio Neves deve disputar à presidência do Brasil em 2014 e não parece nem um pouco incomodado com o "suposto" desvio de verbas envolvendo o seu partido. Enfim, isso são cenas para um capítulo à parte, já que o futuro e as eleições de 2014 só a Deus pertencem. 

Em relação ao meio ambiente, o nordeste assistiu a maior seca dos últimos anos, no Rio, como de costume, houve alagamentos, pessoas desaparecidas e milhares de desabrigados e, no Espirito Santo, cidadãos também se desesperam por não terem mais água potável e nem alimentos por causa dos estragos trazidos pela chuva. O problema foi tão grave que pela primeira vez desde que foi eleita, a nossa Presidenta foi ao território capixaba. Em meio a esse cenário de destruição, é impossível não fazer um simples questionamento: se o nosso país não consegue manter a segurança e a qualidade de vida de seus patrícios, como poderemos garantir essa mesma proteção há turistas de todo o mundo? Como realizar uma Copa num país assolado pela violência e onde uma parcela considerável da população perdeu praticamente tudo que tinha? Francamente, quem ganhou com a Copa foram as empreiteiras, alguns políticos corruptos e donos de grandes marcas, ou seja, quem já tinha dinheiro. Os pobres continuarão pobres e os estádios faraônicos, nossa única herança, vão perecer por causa do alto custo de manutenção. Resumindo, o Brasil não precisava de Copa, mas muitos brasileiros comemoraram mesmo assim ao saberem que seríamos o país sede. Fazer o quê...uma hora a ficha ia cair.

Falando agora sobre religião, também neste ano recebemos em nosso território o primeiro Papa Latino da História. Francisco veio ao Brasil trazendo uma bela mensagem de paz e união. Por várias vezes o pontífice elogiou os brasileiros e ainda se despediu dizendo aos inconformados com o cenário político que continuassem defendendo seus ideais. Em todo o país pessoas comuns seguem o conselho abençoado, pedindo a Deus que esse clamor seja ouvido pela massa, mas o futuro é incerto e o receio agora é que o sentimento de indignação dê espaço ao falso patriotismo trazido pela Copa do Mundo. Certa vez ouvi dizer que o Brasil não é um país e sim um time de futebol. Queria muito pensar que isso é um equívoco, mas acho que há um sombrio fundo de verdade nessa afirmação... Enfim, se os funcionários mal pagos e insatisfeitos voltarem ao trabalho e os nossos estádios (superfaturados e mal feitos) ficarem prontos a tempo, nós poderemos então saber que tipo de efeitos a Copa vai trazer para a nossa sociedade. Vamos esperar...

Resumindo, espero que 2014 seja um ano promissor e que as urnas sejam apenas o reflexo da mudança que nós queremos. Desejo ainda uma polícia menos militarizada e uma política mais limpa e voltada aos interesses do povo. Desejo que os brasileiros não assistam a um novo golpe, mas se for, que seja para que o povo suba ao poder. Desejo que a Internet não seja censurada e que a Imprensa seja mais livre (e ética). Quero ainda saúde para o povo, oferecida por médicos mais humanos, venham eles daqui, de Cuba ou de Marte. Desejo que as pessoas pensem e não se deixem apenas levar por ideologias. Toda ideia propagada por muito tempo é corrompida, por isso, é preciso repensar os velhos conceitos. Desejo simplesmente isso: que o povo pense! Se a gente não pensar, alguém vai fazer isso e os resultados serão sempre os piores. Em suma, desejo um 2014 ainda melhor que 2013 e que os acontecimentos inseridos nesse novo ano sejam, de fato, dignos dos brasileiros. 

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